Segundo um comunicado emitido por alguns dos manifestantes e enviado à agência Lusa, a PSP utilizou cassetetes, gás pimenta e chutes para tentar dispersar um grupo na ponte de Santa Clara, alegando o uso excessivo e injustificado da força por parte da polícia.
O embate entre a PSP e os manifestantes resultou em cinco detenções – quatro mulheres e um homem com idades entre 19 e 31 anos. A situação começou após uma manifestação em apoio à Palestina, que teve início na Praça 8 de Maio e se deslocou para a ponte de Santa Clara.
Em comunicado, a PSP afirmou que foi necessário “empregar a força estritamente necessária para remover essas pessoas da faixa de rodagem, a fim de restabelecer a circulação automobilística” sobre a ponte do rio Mondego.
No entanto, no comunicado enviado pelo grupo de manifestantes, é relatado que, por volta das 21:00, quando ainda havia pelo menos 50 pessoas bloqueando o tráfego, agentes da PSP, acompanhados por uma equipe de intervenção rápida, iniciaram a violência logo após ordenarem a dispersão do grupo.
Conforme o comunicado, a polícia recorreu a cassetetes e gás pimenta de forma arbitrária, assim como as detenções, conforme alegam os manifestantes.
Inês Morais, aluna de medicina na Universidade de Coimbra, foi uma das pessoas detidas e contou à agência Lusa que a primeira interação da PSP com o grupo que estava sentado no chão da ponte “iniciou-se com agressão física”.
“Nós estávamos sentados no chão e começaram a nos dar chutes nas costas, empurraram várias pessoas e começaram a usar gás pimenta”, relata a estudante de 22 anos, que em determinado momento perdeu a visão do que estava acontecendo por ter sido atingida pelo spray da polícia.
Quando conseguiu ver “algo”, percebeu uma colega sendo empurrada para o chão e, ao tentar passar, perguntou se a PSP tinha chamado o INEM para socorrer as pessoas feridas.
“Fui insistente nesse pedido, até que um policial me encarou e disse: ‘Queres muito ir com eles, não é? Estava mortinho para te agarrar’. Ele me levou, me jogou contra a viatura, depois me jogou dentro da viatura, começou a me empurrar, eu tentei me defender com os pés, e ele me deu um soco na cabeça, perto da orelha, e lançou gás pimenta no meu rosto, já dentro da viatura”, contou.
Após ser levada à delegacia, Inês Morais foi liberada por volta das 01:00 e, hoje, dirigiu-se ao Instituto Nacional de Medicina Legal, acompanhada de outros manifestantes que afirmam ter sido agredidos pela PSP, para obter um laudo médico sobre os ferimentos sofridos.
“Há vontade de registrar uma queixa. Vim fazer o laudo para que a queixa possa ter mais força”, afirmou.
Questionada sobre as acusações da PSP de que os manifestantes haviam ofendido os policiais, Inês Morais comentou que as insultos foram “de ambas as partes”.
“As palavras que os agentes nos dirigiam também não eram amigáveis”, destacou.
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