A requalificação da Avenida Almirante Reis, apresentada em novembro de 2024, é um projeto que necessita de um investimento de 20 milhões de euros, sendo que 13 milhões estão alocados à primeira fase, com as intervenções estruturais previstas para se iniciarem em 2027 e serem concluídas em 2028.
No comunicado emitido em conjunto, as associações expressam sua preocupação, afirmando que o plano aumenta “a capacidade rodoviária em vez de apostar no alargamento dos passeios e na melhoria das condições para pedestres, bicicletas e o transporte público”.
A requalificação “aumenta significativamente a capacidade rodoviária: entre o Martim Moniz e a Alameda, o projeto eleva em 50% a capacidade do espaço rodoviário, passando de duas para três vias”, conforme destaca a nota.
Em contrapartida, o espaço destinado aos pedestres “não sofre alterações significativas”, permanecendo assim “indigno para os fluxos pedonais que existem e são esperados”, lamentam as associações.
“Além disso, os conflitos entre pedestres e veículos são exacerbados, pois o perfil proposto obriga os pedestres a atravessar três vias de uma só vez e promove o aumento das velocidades”, alerta a comunicação.
Ademais, o espaço para bicicletas “é reduzido, propondo-se uma ciclovia ziguezagueante, sem as dimensões mínimas requeridas, integrada ao passeio, que (…) alerta para sérios conflitos entre pedestres e ciclistas”, afirmam as associações.
Durante a apresentação do projeto, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), reconheceu que a ciclovia da Almirante Reis foi uma questão que “bipolarizou a sociedade”.
Para evitar a partidarização do tema, “foi necessário ouvir aqueles que vivem na Almirante Reis, que a utilizam, não apenas para andar de bicicleta, mas também para quem a percorre de carro, a pé ou utiliza transporte público”, comentou o autarca.
Carlos Moedas enfatizou que a proposta foi elaborada após um processo de participação pública realizado em 2023, que reuniu “cerca de 2.500 contribuições”.
O autarca assegurou que as prioridades eram “aumentar as áreas verdes, melhorar a higiene urbana e garantir a segurança na ciclovia”.
Entretanto, as sete associações argumentam que a requalificação “contraria (…) as conclusões do amplo processo participativo” e torna Lisboa mais distante de ser uma “cidade justa, saudável e sustentável”.
“A grande maioria” dos que participaram da consulta pública “considerou que há um excesso de tráfego automóvel” na Avenida Almirante Reis, sublinha a nota.
“Qual é o propósito dos processos participativos se os seus resultados são tão evidentemente e repetidamente desrespeitados?” questionam as associações.
O comunicado é assinado pela MUBi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, pela associação ambientalista ZERO, pela Caracol POP – Associação, pelo grupo Moradores de Arroios, pelo movimento Estrada Viva, pela Associação para a Promoção da Segurança Infantil e pela Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados.
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