A realização das consultas é feita exclusivamente por Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica (EESMO), sem a presença de médicos. Com essa nova organização dos cuidados, a Unidade de Saúde Local (ULS) de Loures-Odivelas pretende continuar a “garantir um acompanhamento próximo e seguro às grávidas”.
Esta abordagem “permite que os obstetras concentrem-se em situações mais complexas, diminuindo os tempos de espera em um contexto onde a demanda pelos serviços de obstetrícia está a aumentar”, informou a ULS Loures-Odivelas em nota.
De acordo com a enfermeira diretora da ULS, Sandra Cota-Pereira, este projeto representa “um marco significativo para a enfermagem em obstetrícia, que assim cumpre o âmbito da sua competência e garante um melhor acesso às grávidas”.
“Os enfermeiros supervisionam a gravidez de baixo risco até o agendamento do parto, semelhante ao que esta ULS oferece também no Espaço Saúde da Mulher e da Criança, nos cuidados de saúde primários”, afirma a enfermeira mencionada na nota.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, mencionou em 23 de setembro no parlamento que o Governo estava disposto a considerar uma proposta da Ordem dos Enfermeiros que visava precisamente “assegurar a vigilância das grávidas de baixo risco pelos enfermeiros especialistas em cuidados de saúde materna e obstetrícia para as mulheres que não têm médico de família”.
Durante uma audiência na Comissão de Saúde, a ministra destacou que “as grávidas não podem ficar sem vigilância” e que “os enfermeiros especialistas desempenham um papel crucial na saúde materna e obstétrica e isso já é uma realidade em muitos países”.
Ana Paula Martins defendeu, na ocasião, que não havia nenhum motivo “para que esse modelo não seja também adotado em Portugal”.
Entretanto, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) solicitou, um dia após as declarações da ministra da Saúde, que a proposta fosse revisada e que uma possível implementação dessa abordagem “não apresenta uma verdadeira solução”.
A associação, em comunicado, argumentou que a excelência dos cuidados durante a gravidez só pode ser alcançada por meio de um trabalho colaborativo e integrado, onde cada profissional contribui com suas competências específicas.
“Médicos não substituem enfermeiros e enfermeiros não substituem médicos. Cada profissão tem seu valor único e insubstituível”, considerou a associação, acrescentando: “O desafio que enfrentamos é descobrir maneiras de potencializar essa complementaridade em benefício da saúde de todas as mulheres e crianças portuguesas”.
Com o início dessas novas consultas conduzidas totalmente por enfermeiros especialistas, a ULS Loures-Odivelas espera reforçar “o compromisso de colocar os recursos certos ao serviço das pessoas certas, no momento certo, garantindo qualidade, segurança e acessibilidade no acompanhamento da gravidez”.
A ULS destacou ainda a atuação destes enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica, que são “reconhecidos pela sua alta qualificação científica e técnica, resultante de uma formação especializada com exigência europeia”, ressaltando que esses profissionais “têm se afirmado como referência na assistência à mulher, ao recém-nascido e à família”.
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