Investigadores da Fundação Champalimaud descobriram que os movimentos faciais dos camundongos refletem seus pensamentos, uma revelação que abre novas possibilidades para o estudo do cérebro de forma não invasiva, conforme anunciou a instituição.
De acordo com os autores da pesquisa, publicada na revista científica Nature Neuroscience, essa descoberta é uma prova de conceito de que é viável decifrar a atividade mental por meio de gravações em vídeo, o que pode levar ao desenvolvimento de novas ferramentas para investigação e diagnóstico.
Conforme a Fundação Champalimaud (FC), utilizando técnicas de Aprendizagem de Máquina (um método de análise de dados), a equipe de pesquisadores evidenciou que os movimentos faciais dos camundongos são um reflexo de seus pensamentos ocultos, o que pode proporcionar uma “compreensão sem precedentes do funcionamento cerebral”, embora também destaque a necessidade de preservar a privacidade mental.
“Nosso estudo demonstra que os vídeos vão além da mera gravação de comportamentos – eles podem atuar como uma janela para a atividade cerebral. E, apesar de sua empolgante perspectiva científica, isso levanta questões significativas sobre a proteção da nossa privacidade”, ressaltou Alfonso Renart, um dos autores do estudo e pesquisador principal da FC.
Na prática, a equipe de cientistas registrou os movimentos faciais dos animais, assim como a atividade neuronal em seus cérebros, e analisou esses dados por meio de algoritmos de Aprendizagem de Máquina.
“Os resultados foram surpreendentes”, reconheceram os pesquisadores, sublinhando que os “movimentos faciais eram tão informativos quanto grandes populações de neurônios”.
“Para nossa surpresa, descobrimos que conseguimos extrair tanta informação sobre o que o camundongo estava pensando quanto ao registrar a atividade de dezenas de neurônios”, declarou o pesquisador Zachary Mainen.
Segundo Mainen, o acesso “tão simples” ao conteúdo oculto da mente pode impulsionar significativamente a pesquisa sobre o cérebro, mas também evidencia a “necessidade de começar a considerar regulamentações de proteção” para a privacidade mental.
As conclusões ainda sugerem que padrões faciais semelhantes representam as mesmas estratégias em diferentes camundongos, indicando que o reflexo de determinados conjuntos de pensamentos, no nível dos movimentos faciais, pode ser estereotipado, similar ao que ocorre com as emoções.
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