“Portugal enviou uma comunicação ao Governo de Israel, por meio de canais diplomáticos apropriados, pedindo que não se utilize a violência e que todos os direitos dos indivíduos a bordo da flotilha sejam respeitados”, afirmou uma fonte oficial da diplomacia portuguesa à Lusa.
De acordo com o ministério, Portugal tem mantido diálogo com as autoridades israelitas “e reiterou esse pedido na noite anterior [terça-feira], através de uma mensagem consular formal”.
Simultaneamente, o Governo português fez um apelo aos participantes da flotilha para que permaneçam em águas internacionais, alertando para os “riscos extremamente graves” associados à sua intenção de prestar ajuda humanitária no território palestiniano da Faixa de Gaza, onde Israel mantém uma operação militar há quase dois anos.
“Reiteramos o pedido para que não deixem as águas internacionais; sair dessa zona implica riscos muito sérios dos quais certamente estão cientes”, escreveu na terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, em comunicação com a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte, que estão a bordo da flotilha.
Na mensagem, o chefe da diplomacia portuguesa lembrou que as fragatas italianas que se oferecem para prestar assistência consular e humanitária não deixarão as águas internacionais.
“Sem desconsiderar o respeito pela autonomia individual, fazemos este novo apelo e reiteramos que há meios efetivos para entregar a ajuda humanitária que transportam a Gaza, via Chipre”, destacou o Governo.
Essa proposta, sugerida pela Itália com a colaboração da Igreja Católica, já foi rejeitada pelos ativistas, que desejam romper o bloqueio israelense sobre a faixa palestiniana.
A Marinha israelita informou que está pronta para interceptar a Flotilha Global Sumud, que conta com mais de 50 embarcações a caminho da Faixa de Gaza e que já entrou em uma área de risco.
Hoje, o primeiro-ministro português declarou que o Governo está em contato com a Itália e a Espanha, reconhecendo a existência de um “registo de perigosidade”, mas enfatizando que o executivo tomou “as medidas adequadas” neste contexto, com especial enfase no apelo para que “não se corram riscos desnecessários”.
“Estamos em contato com outros Estados-membros e parceiros que têm uma participação direta nesse acompanhamento, especialmente com a Itália e também com a Espanha”, comentou Luís Montenegro à entrada para uma reunião informal do Conselho Europeu em Copenhague, na Dinamarca.
A Marinha israelita planeja transferir os ativistas para um grande navio militar e rebocar as embarcações para o porto de Ashdod, com a possibilidade de que algumas venham a ser afundadas no mar, conforme indicaram fontes militares à estação pública israelense Kan.
Israel tem enfatizado que não permitirá a entrada da flotilha nas águas de Gaza, mantendo o bloqueio imposto ao território palestiniano.
A Global Sumud é considerada a maior flotilha humanitária já organizada até o momento.
A guerra em andamento em Gaza foi iniciada por ataques do grupo islamita palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, resultando em cerca de 1.200 mortos e 251 sequestrados.
Em resposta, Israel lançou uma operação militar em larga escala na Faixa de Gaza, que já causou mais de 66 mil mortes, segundo fontes locais controladas pelo Hamas, devastou quase toda a infraestrutura do território e forçou a migração de centenas de milhares de pessoas.
Israel também estabeleceu um bloqueio à entrega de ajuda humanitária na região, onde foram registradas aproximadamente 400 mortes por desnutrição e fome, a maioria entre crianças.
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