“É é uma excelente chance para alcançar a paz, considerando que o Hamas aceitou parte do plano de Trump para a libertação dos reféns, estabelecimento de um cessar-fogo, retirada gradual das tropas israelenses e criação de um governo temporário na faixa de Gaza”, afirmou Paulo Rangel à imprensa.
O líder da diplomacia fazia essas declarações durante um evento de campanha para as eleições municipais no Porto.
Na sexta-feira, o grupo islamita palestino Hamas manifestou sua disposição de aceitar alguns aspectos do plano de paz proposto pelo Presidente americano para Gaza, incluindo a libertação dos reféns restantes, mas indicou que deseja negociar outros elementos.
Paulo Rangel avaliou a postura do Hamas como “um desenvolvimento extremamente significativo” e comentou que o Governo de Israel já havia informado à União Europeia que “está pronto para dar início às negociações que definirão os detalhes da implementação da fase inicial do acordo”.
“Só precisamos solicitar a todas as partes envolvidas que cumpram rigorosamente o que está no plano do Presidente Trump. Se isso acontecer, entraremos em uma nova fase onde esse conflito será interrompido de início e terá muitas chances de ser resolvido positivamente a médio prazo”, estimou.
O Hamas expressou sua disposição de libertar reféns de acordo com a “forma” do plano e reiterou sua já manifestada abertura à transferência de poder para um órgão palestino politicamente independente.
O grupo acrescentou estar preparado para negociações imediatas afim de discutir os “detalhes” da liberação dos reféns, tanto vivos quanto mortos.
No entanto, destacou que elementos da proposta que se referem ao futuro da Faixa de Gaza e aos direitos dos palestinos devem ser decididos com base em um consenso palestino, acordado com outras facções e fundamentado no direito internacional.
O plano de Trump, apresentado na semana passada, propõe um cessar-fogo, a liberação dos reféns em 72 horas e o desarmamento do Hamas, juntamente com um projeto de reconstrução de Gaza com apoio internacional.
“Portugal sente-se honrado por ter colaborado com a França, a Arábia Saudita e vários parceiros europeus e não europeus na declaração de Nova Iorque. Uma parte fundamental dos pontos essenciais do plano de Trump está refletida nessa declaração”, destacou Paulo Rangel, enfatizando a “oportunidade de, em conjunto com nossos parceiros, nos envolver na implementação deste acordo”.
Após a declaração do Hamas, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu que Israel interrompesse imediatamente os bombardeios na Faixa de Gaza, mas as forças armadas israelenses informaram que persistem em sua ofensiva na cidade de Gaza, com ataques que resultaram em cerca de três dezenas de mortes na manhã de hoje.
Questionado pelos jornalistas, Paulo Rangel reiterou o chamado para o cumprimento do acordo.
“O espírito do acordo é o cessar-fogo”, afirmou.
Israel declarou guerra na Faixa de Gaza em 7 de outubro de 2023, com o objetivo de “erradicar” o Hamas, logo após o grupo ter realizado um ataque sem precedentes em território israelense, resultando na morte de cerca de 1.200 indivíduos, a maioria deles civis.
Desde 2007, o Hamas governa Gaza e é classificado como uma organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por Israel; neste mesmo dia, o movimento capturou 251 reféns, dos quais cerca de 40 permanecem em cativeiro.
A guerra na Faixa de Gaza resultou em dezenas de milhares de mortos, segundo dados das autoridades locais, que a ONU considera confiáveis, além de uma crise humanitária que forçou cerca de dois milhões de residentes a se deslocarem repetidamente dentro do enclave.
[Notícia atualizada às 15h20]
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