O novo livro intitulado ‘Breve História do 25 de Novembro’ é de autoria de Filipe Garcia, jornalista da agência Lusa, e chega hoje ao mercado, publicado pela editora Ideias de Ler.
<pSegundo declarações à Lusa, o autor mencionou que a obra aborda, "principalmente, os eventos mais significativos daquele período, explicando como o país chegou à situação que culminou no 25 de Novembro de 1975.”
“Possuo testemunhos inéditos sobre a participação da força armada do PS, bem como sobre as reações do PCP ao longo do dia, especialmente na defesa armada de sua sede em Lisboa, além de como Álvaro Cunhal teve diversificados encontros secretos para evitar que o país entrasse em um conflito armado naquele final de ano”, revelou.
Filipe Garcia destacou que a atuação do PCP no 25 de Novembro de 1975 é “um dos temas que mais discussão gerou nos últimos 50 anos”, mas, segundo sua investigação, a ordem para os paraquedistas ocuparem as bases aéreas naquela madrugada não foi emitida pelo partido.
“A decisão de enviar os paraquedistas para as bases não se origina do PCP, porém explico no livro como e quando o partido mobiliza seus homens e também como rapidamente vem a ordem para recuar. No 25 de Novembro, o PCP desempenha um papel crucial na prevenção de uma escalada de violência”, enfatizou.
Quando questionado sobre quem deu a ordem para que os paraquedistas se dirigissem às bases, o autor afirmou que “é mais ou menos consensual que Otelo Saraiva de Carvalho autorizou o deslocamento dos paraquedistas naquela madrugada”.
“A questão que atualmente gera mais debate é qual seria a verdadeira intenção desses militares. Um golpe de Estado ou simplesmente uma demonstração de força militar para influenciar o direcionamento político do país?”, questionou.
Filipe Garcia explicou que, para a elaboração do seu livro, ele se baseou em pesquisas acadêmicas e jornalísticas, “assim como em jornais da época, atas do Conselho da Revolução e relatórios dos serviços secretos dos Estados Unidos”.
“Realizei diversas entrevistas com os protagonistas, mas infelizmente nem todas puderam ser incluídas na obra, o que demonstra que essa história continua bastante viva”, acrescentou.
O autor expressou a esperança de que seu livro ajude a “desconstruir alguns mitos” sobre o 25 de Novembro de 1975, apesar de ter a percepção de que a data “continuará a ser um assunto polêmico” e sempre haverá “algo novo a ser descoberto”.
Ao ser questionado sobre qual papel o 25 de Novembro deve ter na história do processo revolucionário português, especialmente se deve ser comparado ao 25 de Abril ou a datas como 28 de setembro de 1974 ou 11 de março de 1975, Filipe Garcia elucidou que as datas de 28 de setembro e 11 de março “são dois marcos que acabaram por definir o futuro do país”.
“Existem, porém, outros eventos relevantes que não são menos importantes, como o assalto à embaixada de Espanha, a ocupação dos quartéis no Porto, o cerco à Assembleia da República e, claro, o 25 de Novembro”, observou.
Para Filipe Garcia, “todos esses marcos são resultado de um país que estava aprendendo a se governar em democracia, onde diversas facções se confrontavam e muitos buscavam o poder”.
“Nada disso seria viável sem o 25 de Abril, a data que fundou a democracia em Portugal e que não me parece comparável a nenhuma outra”, concluiu.
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